Você já ouviu falar que o intestino pode ter ligação com a endometriose?
Parece estranho
à primeira vista, mas a ciência tem reforçado essa conexão de forma cada vez mais clara.
Quando falamos de saúde intestinal, estamos indo muito além da digestão: o intestino é
um verdadeiro regulador do sistema imune e um dos protagonistas nos processos
inflamatórios do nosso corpo.
Neste artigo, vamos entender como a disbiose intestinal
pode influenciar diretamente o desenvolvimento e agravamento da endometriose.
O intestino como regulador da inflamação
Nosso intestino é povoado por trilhões de microrganismos que formam o que chamamos
de microbiota intestinal.
Essa comunidade atua como uma espécie de “órgão invisível”,
com funções fundamentais na digestão, absorção de nutrientes, produção de vitaminas e,
principalmente, no controle da imunidade e da inflamação.
Na endometriose, uma das marcas registradas é justamente a inflamação crônica — aquela
que não cessa, mesmo sem infecção.
Estudos recentes indicam que um desequilíbrio da
microbiota intestinal, conhecido como disbiose, pode amplificar essa inflamação sistêmica,
criando um ambiente mais propício ao crescimento de lesões endometrióticas.
O que é disbiose e como ela se forma?
Disbiose é o termo usado para descrever a perda do equilíbrio entre as bactérias boas e
ruins do intestino. Isso pode acontecer por vários motivos, como:
- Dieta rica em ultraprocessados e pobre em fibras
- Uso frequente de antibióticos
- Estresse crônico
- Sedentarismo
Esse desequilíbrio prejudica a integridade da barreira intestinal, o que facilita a passagem de
toxinas e fragmentos bacterianos para a corrente sanguínea, um fenômeno chamado
permeabilidade intestinal aumentada ou “intestino permeável“.
E adivinhe? Esse processo alimenta um círculo vicioso de inflamação, estimulando ainda mais
o sistema imune e agravando quadros como a endometriose.
A conexão entre disbiose e endometriose
Pesquisas publicadas em periódicos como Frontiers in Cellular and Infection Microbiology
vêm revelando que mulheres com endometriose frequentemente apresentam alterações na
composição da microbiota intestinal — com menor diversidade de bactérias benéficas e
aumento de microrganismos pró-inflamatórios.
Além disso, a disbiose parece interferir no metabolismo de hormônios como o estrogênio,
um dos principais “combustíveis” da endometriose.
Bactérias intestinais participam da
modulação dos níveis de estrogênio no organismo.
Quando há desequilíbrio, pode haver
recirculação exagerada desse hormônio, contribuindo para a progressão das lesões.
Como cuidar do intestino para controlar a inflamação?
Ainda não existe uma “receita única“, mas boas práticas já demonstram benefícios
consistentes na saúde intestinal e, indiretamente, no manejo da endometriose:
- Aposte em uma alimentação rica em fibras: legumes, frutas, verduras e grãos ajudam
a nutrir bactérias boas. - Reduza o consumo de alimentos ultraprocessados: eles favorecem o crescimento de
bactérias inflamatórias. - Pratique atividade física regularmente: o movimento ajuda a manter a microbiota
equilibrada. - Gerencie o estresse: o intestino e o cérebro estão intimamente conectados.
- Evite automedicação, especialmente com antibióticos: eles podem prejudicar a
diversidade da microbiota.
Conclusão
O intestino tem um papel muito maior do que costumamos imaginar quando o assunto é
saúde feminina.
No caso da endometriose, compreender e tratar a disbiose intestinal pode
ser um passo importante para controlar a inflamação, reduzir sintomas e, possivelmente,
evitar a progressão da doença.
É fundamental lembrar que cada caso é único, e um plano de cuidado personalizado deve
sempre ser conduzido por profissionais experientes, com conhecimento tanto na saúde
ginecológica quanto no equilíbrio do eixo intestino-corpo.
Disbiose causa endometriose?
Não exatamente. A disbiose não causa a endometriose por
si só, mas pode contribuir para a inflamação e progressão das lesões, agravando os
sintomas.
Melhorar a alimentação pode ajudar na endometriose?
Sim. Há evidências de que uma
dieta anti-inflamatória e rica em fibras pode beneficiar tanto a microbiota quanto os sintomas
da endometriose.
Probióticos ajudam na endometriose?
Ainda são necessários mais estudos específicos,
mas probióticos podem ajudar a restaurar o equilíbrio da microbiota e, indiretamente,
controlar a inflamação.
Toda mulher com endometriose tem disbiose?
Não necessariamente, mas estudos
mostram que a prevalência de disbiose em mulheres com endometriose é mais alta do que
na população geral.
Se você convive com a endometriose e quer entender melhor como seu corpo responde
aos tratamentos e como a saúde intestinal pode estar influenciando seus sintomas, converse
com uma equipe especializada.
Conhecimento é cuidado — e você merece o melhor para
viver com mais qualidade e bem-estar.
