A endometrite crônica é uma inflamação persistente do revestimento interno do útero que, muitas vezes, passa despercebida — mas pode ter impacto direto nos sonhos de quem planeja engravidar.
Neste artigo, você entenderá como a endometrite crônica influencia a infertilidade, quais exames confirmam o diagnóstico (como a histeroscopia e a imuno-histoquímica), por que ela pode levar à falha de implantação em ciclos naturais ou de fertilização in vitro, e quais caminhos existem para restaurar a saúde uterina.
O que é endometrite crônica?
Diferente da inflamação aguda, que costuma vir acompanhada de dor e febre, a forma crônica pode ser assintomática ou manifestar apenas pequenos escapes menstruais.
Na maioria dos casos, está relacionada a desequilíbrios na flora uterina ou a micro-organismos de baixa virulência que permanecem ali após partos, abortos, inserções de DIU ou procedimentos intrauterinos.
Principais sinais e sintomas
- Sangramentos intermenstruais leves
- Cólicas discretas ou sensação de peso pélvico
- Alterações no padrão menstrual (menstruação prolongada ou escurecida)
- Dores vagamente localizadas após relações sexuais
Importante: muitas mulheres não apresentam nenhum sintoma evidente, motivo pelo qual a endometrite crônica costuma ser detectada apenas durante a investigação de infertilidade.

Por que a endometrite interfere na fertilidade?
O endométrio funciona como “solo fértil” para o embrião. Quando está inflamado, libera citocinas e enzimas que alteram:
- Receptividade endometrial – reduz a expressão de moléculas essenciais para a adesão embrionária.
- Fluxo sanguíneo local – inflamação prolongada prejudica a vascularização que nutriria o embrião.
- Resposta imune – células de defesa podem atacar o embrião, dificultando a implantação.
Essas alterações explicam tanto as falhas de gravidez espontânea quanto os ciclos de fertilização in vitro com repetidas falhas de implantação.
Diagnóstico: da histeroscopia à imuno-histoquímica
- Histeroscopia diagnóstica: permite visualizar o interior do útero; aspecto granular difuso ou micropólipos sugerem inflamação.
- Biópsia endometrial com imuno-histoquímica: detecta marcadores inflamatórios (CD138 para plasmócitos, por exemplo) confirmando a endometrite crônica.
- Ultrassom transvaginal com doppler: auxilia, mas não substitui a biópsia.
Para saber mais sobre avaliação uterina, confira nosso post sobre pólipos endometriais e histeroscopia.
Tratamento e caminhos para engravidar
- Antimicrobianos direcionados – após cultura ou painel molecular, quando indicado.
- Modulação da microbiota vaginal – probióticos e hábitos saudáveis que favoreçam o equilíbrio local.
- Correção de fatores anatômicos – remoção de micropólipos ou aderências identificados durante a histeroscopia.
- Acompanhamento pós-tratamento – nova biópsia para confirmar remissão antes de iniciar tentativas de gravidez ou novo ciclo de FIV.
Fertilização in vitro após endometrite Estudos recentes mostram que mulheres com histórico de inflamação não resolvida apresentam taxas até 60 % menores de implantação.
Felizmente, quando tratada e confirmada a cura, as taxas se aproximam das de pacientes sem inflamação (referência: Journal of Reproductive Immunology, 2024).

Conclusão
Embora silenciosa, a endometrite crônica pode ser decisiva na jornada da fertilidade.
Identificar e tratar o problema a tempo faz toda a diferença para quem deseja engravidar, seja naturalmente ou por fertilização in vitro.
Se você se reconhece em alguns dos sintomas ou teve falhas de implantação repetidas, considere conversar com uma equipe especializada para uma avaliação individualizada.

1. Endometrite crônica e endometriose são a mesma coisa?
Não. A endometrite é inflamação do revestimento uterino; endometriose é a presença de tecido endometrial fora do útero, tema que abordamos em este artigo.
2. A histeroscopia dói?
O exame é rápido e, com sedação leve ou anestesia local, costuma ser bem tolerado.
3. Posso engravidar naturalmente após o tratamento?
Muitas mulheres conseguem, principalmente se não houver outros fatores de infertilidade associados.
4. Preciso repetir a biópsia sempre?
Recomenda-se confirmar a remissão antes de iniciar tentativas de gestação assistida.
5. Probióticos ajudam mesmo?
Eles podem auxiliar no reequilíbrio da microbiota, mas devem ser indicados por profissional de saúde, pois cada caso é único.
- Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação individual com profissionais de saúde. Sempre procure orientação especializada para diagnóstico e tratamento adequados.